Uso Linux quase exclusivamente em casa há dois anos. Aliás, em duas casas – na minha “casa de verdade” em Uberlândia, e também em BH, onde fico a trabalho. Fui um dos usuários pioneiros do Ubuntu, desde um pré-release do Warty, lá pelos idos de setembro de 2004. Já usei o Ubuntu em ambiente profissional, para jogos e para uso pessoal simples. No ambiente de trabalho, uso o Windows XP em uma rede baseada no 2003 Server, então acho que tenho um bom parâmetro de comparação.
De forma geral estou satisfeito. Os motivos que me levaram a adotar o Linux foram simples: maior segurança (especialmente para poder navegar tranquilo na Web); motivos éticos, pois não acho legal, como profissional de TI, usar uma cópia pirata do sistema operacional; e também porque tenho interesse em desenvolvimento de aplicações Web, e a plataforma Linux oferece ferramentas interessantes. De lá para cá não tive nenhum problema de ataque ou de vazamento de informação, então estou satisfeito com a segurança, que para mim é o critério principal.
Agora os problemas. A coisa mais irritante para um usuário são as pequenas limitações que encontramos no dia a dia. E nesse ponto, o Linux ainda dá nos nervos. Notam-se pequenas coisas, itens onde claramente falta polimento. Em alguns casos falta funcionalidade, em outros, falta aquele capricho na interface. Em vários casos falta integração entre os aplicativos. Por exemplo, querer comparar o VNC (ou o VINO) com o Terminal Server do XP é brincadeira, tanto pela qualidade como pela integração de funcionalidade. É possível compartilhar janelas individuais no Windows XP, usando para isso o MSN. A parte de multimídia também deixa muito a desejar, de forma geral, especialmente na parte de vídeo. A funcionalidade existe, mas a interface precisa melhorar muito.
De tudo, há uma coisa que eu acho que poderia ser feita para mudar o cenário a longo prazo. Sinto falta de um ambiente de desenvolvimento simples, similar ao que o QuickBasic/VisualBasic e o HyperCard representaram há alguns anos atrás. Estas ferramentas de desenvolvimento permitiam que qualquer usuário escrevesse pequenos programas para seu computador. Muitas empresas comerciais de software começaram assim, com experimentos domésticos amadores, e depois evoluiram para produtos profissionais. O curioso é que a Microsoft abandonou esta prática depois de dominar o mercado – mais ou menos do mesmo jeito que abandonou o IE depois de derrotar a Netscape, para depois ser pega de surpresa pelo Firefox. Há uma oportunidade de ouro aqui, para fazer o mesmo: criar uma plataforma de desenvolvimento que permitirá que muitas dessas lacunas de software para Linux sejam preenchidas de forma simples, criando um novo “ecosistema” de desenvolvimento de software. É um ciclo virtuoso esperando para acontecer.